Novos medicamentos para hepatite C começam a ser distribuídos

Postado em 23/10/2015

O Ministério da Saúde começa a distribuir dois novos medicamentos para hepatite C, o sofosbuvir e daclatasvir. A nova terapia, que será ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), aumenta as chances de cura e diminui o tempo de tratamento dos pacientes com hepatite C. Os medicamentos já foram enviados ao Distrito Federal e, a partir do próximo mês, começam a chegar ao restante dos estados. 



Os dois medicamentos atendem a cerca de 80% das pacientes que farão uso da nova terapia, composta também pelo simeprevir, cuja distribuição, pelo Ministério da Saúde, está prevista para o mês de dezembro. Ao todo, 30 mil pessoas serão beneficiadas com o novo tratamento, no período de um ano.

O investimento total para a oferta dos três medicamentos no SUS é de quase R$ 1 bilhão. O Ministério da Saúde conseguiu negociar os preços dos medicamentos com as indústrias farmacêuticas, obtendo descontos de mais de 90% em relação aos preços de mercado. O custo por tratamento é de cerca de US$ 9 mil. 

Além de anunciar o cronograma de distribuição do novo tratamento, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, entregou, nesta terça-feira (20), os frascos dos medicamentos à primeira paciente beneficiada com a nova terapia: Helenisar Campos Cabral Salomão.



“Com essa entrega, estamos dando início a uma nova fase do tratamento da hepatite C no país. Trata-se do mais moderno tratamento disponível no mundo para a doença. Assim, assumimos a vanguarda na oferta dessa terapia, como já fizemos com a aids, com a oferta de antirretrovirais", afirmou o ministro.

"Eu sou povo, eu não sei falar na frente de ninguém. Eu estou emocionada. Quero agradecer os esforços que vocês fizeram para nos trazer esses remédios. Se vocês estão felizes por estarem nos proporcionando isso, imagine eu, que vou ter minha alegria e minha esperança de volta. Temos uma esperança de cura agora", afirmou a paciente Helenisar, de 60 anos, moradora de Taguatinga, no DF, a primeira paciente a receber os novos medicamentos.



EXAME – O Ministério da Saúde também incorporou recentemente ao SUS um novo exame para avaliar o grau de comprometimento do fígado dos pacientes com hepatite C. A Elastografia Hepática Ultrassônica irá facilitar o diagnóstico dos pacientes que irão utilizar os novos medicamentos. O exame é seguro, eficaz e efetivo para a definição do estágio da fibrose hepática, quando comparada à biópsia hepática, que é o atual padrão de diagnóstico. Esse exame possui significativos níveis de sensibilidade e especificidade, com a vantagem de ser indolor e não invasivo.



“Essas incorporações são um importante avanço, que tem como objetivo ampliar e melhorar, cada vez mais, a assistência prestada aos pacientes com hepatite C. Com esse exame e com os novos medicamentos, o sistema público brasileiro passará a oferecer o que há de mais moderno no diagnóstico e tratamento da doença”, informou o diretor do Departamento de Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita.



INDICAÇÃO DO TRATAMENTO – As novas medicações vão beneficiar pacientes que não podiam receber os tratamentos ofertados anteriormente – entre eles, os portadores de coinfecção com o HIV e cirrose descompensada, pré e pós-transplantados e pacientes com má resposta à terapia com interferon, ou que não se curaram com terapia prévia. A meta é ampliar a assistência às hepatites virais, minimizando as restrições impostas pelo tratamento anterior. A nova terapia garante ao paciente mais conforto e qualidade.



O diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita, lembrou que o novo tratamento já estava previsto no mais recente protocolo para as hepatites, lançado em julho deste ano: “O protocolo prevê que os novos medicamentos sejam disponibilizados aos pacientes com coinfecção HIV/hepatite C, aos pós-transplantados de fígado e demais órgãos e outras indicações específicas. Isso irá possibilitar dobrarmos o número de pacientes atualmente em tratamento”, ressaltou o diretor.



O tratamento oferecido anteriormente era composto por dois esquemas terapêuticos, as terapias dupla e tripla com o interferon peguilado, que é injetável e combinado com outros medicamentos. O tratamento tinha duração de no mínimo 48 semanas. 


O SUS garante o acesso aos medicamentos de combate à doença para todos os pacientes diagnosticados e com indicação de tratamento medicamentoso. Vale ressaltar que nem todas as pessoas que contraíram o vírus precisam ser medicadas, sendo uma recomendação estabelecida por protocolo e avaliação médica.



SITUAÇÃO DA DOENÇA – Em 13 anos de assistência à hepatite C no SUS, foram notificados e confirmados 120 mil casos e realizados mais de 100 mil tratamentos. Atualmente, são 10 mil casos notificados ao ano. Estima-se que o tipo C seja responsável por 350 e 700 mil mortes por ano no mundo. No Brasil, são registradas cerca de três mil mortes por ano associadas à hepatite C. 

Desde 2011, o país também distribui testes rápidos para a doença. Naquele ano, foram distribuídos 15 mil testes, sendo que em 2014 o número saltou para 1,4 milhão. Este ano, está prevista uma compra de 3 milhões de testes, que serão distribuídos nos próximos anos.



Sem diagnóstico até 1993, a hepatite C é uma doença de poucos sintomas. As formas mais comuns de aquisição do agravo foram a transfusão de sangue e infecção hospitalar na década de 80, sendo outras formas de transmissão o compartilhamento de objetos de uso pessoal e para uso de drogas. A questão da transmissão sexual da doença ainda é um tema muito debatido por pesquisadores de todo o mundo.