HISTÓRIA DA SÍFILIS: OS DEUSES E A CURA PELA PENICILINA

Postado em 19/10/2022

Em agosto de 1530, o médico, escritor, humanista e astrólogo Girolamo Fracastoro (Hieronymus Fracastorius) publicou, em Verona, Itália, o poema latino Syphilis Sive Morbus Gallicus (Sífilis Ou Mal Francês), no qual descreve a doença que o deus grego Apolo impôs a Syphilus, um pastor de ovelhas que amava mais o rei Alcithous, de sua região, do que os deuses.

Como um grande mal da época, cada região colocava o problema em outra região: mal espanhol, mal napolitano, mal francês, entre outros. Entretanto, hoje, por análises de biologia molecular, sabe-se que a sífilis existiu em outras partes do mundo antes da época de Fracastoro. Muitos preconceitos contra as pessoas que tinham a doença marcaram gerações. Inclusive, a doença recebeu, em séculos passados, o nome de lues, que significa peste ou flagelo, para que se evitasse falar o seu nome, sífilis.

De Girolamo para cá, inúmeras obras de arte usando a sífilis como pano de fundo foram realizadas por diversos autores de diferentes áreas – desde pinturas, como as de Rembrandt (retratando a lesão tardia de nariz em sela) e Edvard Munch (mostrando a herança da sífilis congênita), até filmes de longa metragem, como Dr. Ehrlich’s Bullet Magic (sobre os primeiros medicamentos desenvolvidos especificamente para tratar a sífilis: salvarsan-606 e neo-salvarsan-914), Miss Erver’s Boys (sobre o estudo antiético da sífilis não tratada em homens negros de Tuskegee, Alabama, Estados Unidos) e Heleno (sobre a vida do jogador de futebol ídolo do clube Botafogo, Rio de Janeiro, que se negou a tratar a sífilis e morreu com sequelas tardias em um sanatório mineiro).

Como curador emérito da exposição e como profissional que pesquisa, escreve e atende pessoas com sífilis, Dr. Mauro Romero conta que Fracastoro, criador da palavra sífilis, em 1546, escreveu e publicou importante obra, mas que pouquíssimos conhecem – De contagione et contagiosis morbis et curatione –, sobre o contágio e os males contagiosos e sua cura e que são transmitidos por partículas de pessoa para pessoa, seres vivos que se reproduzem, ou sementes de contágio. Apresentava ali, Fracastoro, séculos antes das descobertas microscópicas dos microrganismos, a teoria de que doenças infectocontagiosas eram causadas por seres vivos e não por castigos de deuses.

 

A PENICILINA, MEDICAMENTO BARATO, CURA A SÍFILIS
No início de 1905, a bactéria Treponema pallidum foi identificada como o agente etiológico da sífilis e, em seguida, o primeiro exame sorológico para o seu diagnóstico foi apresentado aos médicos europeus. Embora tenha sido descoberta em 1928, foi no início da década de 1940 que a penicilina se tornou o principal antibiótico para tratar de forma efetiva e sem resistência bacteriana, até os dias de hoje, todas as formas de sífilis em adultos, crianças e neonatos.

 

A EXPOSIÇÃO
O curador avisa: “Prepare-se. Vá com a mente aberta para conversar sobre qualquer preconceito que possa existir. Pois você vai se surpreender, como nós fomos, com os mais diversos elementos que apresentaremos”. Esta nova versão da exposição, que já esteve no Paço Imperial, terá obras inéditas, provocantes e a possibilidade de conversas presenciais com monitores acadêmicos de medicina da Universidade Federal Fluminense (alunos da disciplina optativa de DST, alunos de iniciação científica e sobretudo, alunos da Liga Acadêmica de Infecções Sexualmente Transmissíveis da UFF) e com membros da curadoria, com a finalidade de dirimir dúvidas e externar inquietudes.


SERVIÇO:
Inauguração: 15 de outubro de 2022. (Dia Nacional de Combate à Sífilis e a Sífilis Congênita (Lei 13.430)

Sala Waldenir de Bragança, Associação Médica Fluminense. Avenida Roberto Silveira, 123, Icaraí, Niterói, RJ. Brasil. De 3ª a domingo, das 10h00 às 20h00.

Entrada Franca. Sugere-se agendamento para grupos escolares pelo telefone/WhatsApp: 21 98860-1549

Equipe da Curadoria: Tiago Petra, Zelina Caldeira, Jussara Alves. Curador: Mauro Romero Leal Passos (UFF, SBDST). Direção Artística: Eduardo Tenorio. Produção: Tenorio Produções. Realização: Associação Médica

Fluminense, Sociedade Brasileira de DST-RJ, Setor de DST da Universidade Federal Fluminense.

Apoio: Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ);

Complexo Hospitalar de Niterói (CHN); Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Casas de Saúde de Niterói e São Gonçalo (SINDHLESTE).

Agradecimento: Departamento de Doenças de Condições Crônicas e IST e do Centro Cultural do Ministério da Saúde.

 

PROGRAMAÇÃO PARA O MÊS DE OUTUBRO DE 2022

15.10.2022, sábado, 18h40, interpretação da canção Dia da criação de Vinícius de Moraes, alunos da Liga Acadêmica de IST da UFF, da disciplina optativa de DST da UFF e de alunos de medicina da Universidade de Vassouras.

16.10.2022, domingo, 15h00, Cine Pipoca Debate com exibição do filme Miss Every’s Boys (Cobaias), mediadores alunos da Liga Acadêmica de IST da UFF, alunos da disciplina optativa de DST da UFF, alunos de medicina da Universidade de Vassouras e Mauro Romero Leal Passos.

22.10.2022, sábado, 17h00, interpretação do Fado Sangue Lusitano de Chico Buarque de Holanda, alunos da Liga Acadêmica de IST da UFF e alunos da optativa de DST da UFF.

23.10.2022, domingo, 15h00, Cine Pipoca Debate com exibição do filme Heleno, com Rodrigo Santoro observando a abordagem que, diagnosticando e não procedendo o devido tratamento a evolução da sífilis levar a tragédia.

29.10.2022, sábado, 17h00, leitura de texto do livro Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre sobre a sifilização do Brasil, alunos da Liga Acadêmica de IST da UFF, alunos da optativa de DST da UFF e Thiago Petra.

VISITE TAMBEM A EXPOSIÇÃO ANTERIOR NO PAÇO IMPERIAL, RIO DE JANEIRO, RJ.
TOUR VIRTUAL:

Página principal: http://exposifilis.aids.gov.br/