Pré-natal é essencial para evitar a sífilis congênita, alerta especialista

Postado em 14/10/2015

Manaus – Às vésperas do Dia das Crianças, a Coordenação Estadual de DST-Aids e Hepatites Virais faz um alerta sobre a importância do pré-natal na detecção precoce da sífilis. De janeiro a agosto deste ano, 162 casos de sífilis congênita, transmitida de mãe para filho, já foram identificados, no Amazonas. 

Evitável mediante a identificação precoce, a doença, segundo a coordenadora estadual de DST/Aids e Hepatites Virais, Silvana Lima, tem como principais obstáculos a falta de costume das mulheres de realizar o acompanhamento durante a gravidez e a baixa qualidade do pré-natal na rede básica de saúde.

“A sífilis congênita mede a qualidade da assistência do pré-natal. E na maioria das vezes a detecção só acontece na hora do parto. Temos ainda a dificuldade das mulheres não terem o costume de fazer o acompanhamento, o que impede que as crianças não sejam contaminadas”, afirmou.

No comparativo com o mesmo período do ano passado, quando 156 contaminações  foram registradas, o número de casos de sífilis congênita, no Estado, cresceu 3,8%. 

Lima afirma que o tratamento inicial da criança com sífilis congênita ocorre, na maternidade, logo após o nascimento, com a administração de penicilina durante 14 dias. Dependendo do estado clínico, o paciente recebe o encaminhamento para dar continuidade ao tratamento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s); ou para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) caso apresente estado grave numa unidade de referência.

Segundo a coordenadora, independente do estado clínico apresentado pela criança, um acompanhamento de rotina deve ser feitos durante os primeiros dois anos de vida.

“A duração do tratamento depende muito do estágio da sífilis. A criança pode não ter manifestação clínica ou nascer morta, ser abortada, ter complicações neurológicas e cardiovasculares. Há casos ainda em que a criança nasce e a doença só se desenvolve depois”, conta.

Lima afirma ainda que, no caso de mulheres infectadas no último trimestre da gravidez, a criança inevitavelmente já nascerá infectada pela sífilis congênita.  Neste ano, de janeiro a agosto, seis crianças morreram vítimas de sífilis congênita, no Amazonas. No mesmo período do ano passado foram oito casos.

Segundo ela, como os testes rápidos de sífilis estão disponíveis em todas as maternidades, do Amazonas, sempre que uma mulher é identificada como portadora de sífilis, no exame de triagem, o tratamento é iniciado independente da realização de outro exame para confirmação.

Sífilis

Transmitida através da relação sexual, a sífilis pode ser identificada a partir do aparecimento de rachaduras e membranas mucosas na região genital ou ainda por inchaços na virilha. 

Resultado da infecção do feto pelo Treponema pallidum, bactéria causadora da doença, a sífilis congênita é repassada de mãe para filho através da placenta da gestante infectada em qualquer fase da gestação ou durante o parto. 

No próximo dia 19, é comemorado o Dia Nacional de Combate à Sífilis Congênita, que visa sensibilizar os profissionais da saúde a recomendarem a seus pacientes a realização do diagnóstico durante o pré-natal. 

Em junho deste ano, Cuba foi o primeiro país do mundo a erradicar a transmissão de mãe para filho do HIV e da sífilis.

Diagnóstico precoce é fundamental

O diagnóstico de sífilis é laboratorial e consiste em exames de microscopia e exames sorológicos, além de teste rápido.

No caso da sífilis congênita, além dos exames de microscopia e sorológicos, devem ser solicitados hemograma completo, raios x de ossos longos e exame do líquido céfalo-raquidiano ou líquor (LCR) para análise da celularidade, proteínas e a realização do Venereal Disease Research Laboratory (VDRL).

Capaz de comprometer vários órgãos e sistemas, a sífilis, em crianças, demanda a realização de diagnóstico diferencial com exame de sangue para a detecção da presença de organismos patogênicos e outras infecções congênitas como, por exemplo, rubéola, toxoplasmose, citomegalovirose, infecção generalizada pelo vírus do herpes simples e malária.